Festival genuinamente Nordestino, com o suprassumo do underground, claro fadado ao fracasso né? Afinal ninguém tá nem ai pro underground local, tudo que vem de fora é melhor e grama do vizinho sempre é mais verde. Pior, muitas bandas, começando cedo...é vai ser uma merda mesmo.
Não somos de ligar pra isso, aqui na Saco de Vacilo fazemos o que gostamos, o que nos dar prazer. Desde as Micaretas estávamos aquecendo e demonstrando como seria o bagulho, do nosso jeitão. E assim foi.
Marcado para começar às 14 horas, acho que muitas pessoas não botaram fé que estaríamos lá, preparadinhos para começar, por conta disso seguramos até às 15 horas, mas ai a partir disso quem não chegou só lamento. Exatamente às 15 horas subia ao palco a Afago, representando o hardcore interiorano e uma das boas surpresas de 2017, claro que teriam de estar no Festival. Na melhor apresentação da banda, executaram um set cronometrado de exatos 20 minutos, dando tempo ainda de tirarem um cover da Derrube o Muro. Os caras agora só estão devendo um lançamento, pois mostraram nessa apresentação pra que vieram.
Saindo da cozinha do Rango Vegan, do outro lado da rua, o powertrio instrumental Culinária Guerrilha apresentou seu temperado post-hardcore instrumental, encaixando deliciosamente no Fest. Aos poucos o público ia chegando e engrossando o caldo, fazendo o Buk se tornar um verdadeiro caldeirão, e que caldeirão!!! Já estávamos certo que acertamos o ponto, agora era só esperar os demais ingredientes e nos deliciarmos.
E o próximo ingrediente era campestre, rústico e com dedos ágeis. Gigito, acompanhado do seu fiel escudeiro Daniel, representou no bluegrass mais punk do mundo. Fazendo jus ao lema do Festival, Toque rápido ou Morra, o público mal conseguia ver os dedos de Gigito dedilhando seu banjo, que quase chegou a fumegar, tamanha velocidade.
Do nada uma nuvem negra pairou sobre o Buk Porão, o calor continuava o mesmo, porém o clima pesou. Era a Orelha Seca, representantes do crust d-beat que começavam seu som. Efeitos na voz, característicos e pau na máquina! Era tudo que o povo precisava, pogo e muito som barulhento, visceral e nervoso.
Fast...Fast....Fast!!!!! Capitalixo no seu show de reunião. Os caras vierem na formação duo, trazendo ao vocal Bia que compôs a banda uma certa época. Caralho, foi foda!!!!! Uma música atrás da outra, geral se bagaçando e covers cremosos de bandas como Discarga, Cólera e Ratos de Porão. Chegaram, brocaram e foram embora. Assim mesmo, na velocidade da luz.
Sem demorar muito na troca de palco, a Ivan Motosserra iniciou o show com muito salitro e areia, o cheiro de bosta das praias de Itapuã impregnava o Buk e ele, Ivan, O Motosserra, meteu dança. Um show foda, que dá o gosto de como será o lançamento do primeiro álbum da banda, com previsão de lançamento em Fevereiro deste ano, fruto de um financiamento coletivo bem exitoso.
Vindos de Maceió, pela primeira vez em Salvador, a Ximbra estava ali prontinha para mostrar para os soteropolitanos toda a emoção que vem daquelas bandas. E que emoção! Rodolfo (voz) se entrega de uma forma ímpar, fazendo com que os presentes sintam toda sua fúria e agonia enquanto os caras descem a mão, sem miséria em seus instrumentos, principalmente Buzugo escalifando a bateria. A banda é convidativa ao caos e têm uma presença de palco foda, aguardamos os caras aqui novamente!
Locais, os Buster mostraram, mais uma vez, porque recebem o título de melhor banda de hardcore melódico do Nordeste. É mais de década, se reinventando, sem perder a essência e qualidade. Ao contrário, é tipo vinho, passa o tempo e só melhora. Mais um show impecável, como de praxe.
Quando todos esperavam algo mais tranquilinho para fim de feste, a Asco começou a sessão de massacre sonoro, com o mais puro grind violento. Era soco na boca do estômago, tapa nazoreia e esfaqueamento. Outra banda que surpreendeu com sua apresentação, fazendo um dos seus melhores shows.
Finalizando o festival, os thrasher da Unkilled encerraram com chave de diamante esse dia de muita zuada e diversão! Melhor escolha não poderíamos ter, o clima não foi de final de festa e sim de quero mais, como tinha que ser. Outra banda que está em débito com um lançamento, o qual é muito aguardado pela Saco de Vacilo, pois thrashêra melhor não há nessa cidade. Do jeitinho que gostamos, velozes e politizados.
Cabô o Festival, agora esperamos todos e todas em 2019. Quem não foi, só lamentamos, perderam um dos melhores dias do ano, que será difícil de ser superado.
Poucos, quase nenhum, registro do evento. Pra saber mesmo como foi, só perguntando a quem estava lá e viu o Buk Porão fervendo como nunca.
Valeu a geral que colou, se divertiu, sem pilantragem ou treta.
Um agradecimento especial ao Coletivo dos Pombos pelo fortalecimento dos equipas e por estarem colados conosco, somos uma só voz nessa porra! O nome de quem faz é apenas um nome, no final estamos no mesmo barco. Agradecer a Monstrinho (Orelha Seca) que somou e muito com o equipa e no suporte às bandas, também ao parcêro André, que sequer nos conhecia e se dispôs a ajudar na montagem do palco e suporte, posturas como estas nos mostram que por mais merda que tenha por ai, o hardcore sempre é diferenciado, somos diferenciados.
Durante 2018 devemos fazer outros eventos, esperamos que parte dos presentes e das presentes compareçam, pois são esses "pequenos" eventos durante o ano que nos ajudam a fazer um festival como este.
OBSERVAÇÕES PERTINENTES:
1. O Festival Saco de Vacilo é um evento anual, no qual tentamos aglutinar um pouco das bandas que foram destaques no ano anterior, uma banda nordestina de fora do estado e uma banda pra fazer show de reunião. Como o nome já denota, é um Festival, logo serão sempre muitas bandas, se permita, ao menos uma vez no ano, em ver coisas diferentes da sua zona de conforto. Ano que vem é na mesma pegada.
2. Não gostamos de baladas, não gostamos de ver nosso público no veneno por conta de transporte e por isso os eventos da Saco de Vacilo, independentemente de ser Festival ou não, começam sempre cedo. Prezamos pela pontualidade, como podem ter visto. Logo, cheguem cedo para apreciar todas as bandas e não correr o risco de perder nada.
3. Viram que dar certo? Sair de casa para ir a um show de hardcore ainda pode ser legal. Saiam mais de casa, apoiem as bandas locais e deixem de besteira que ninguém aqui é tão velho que não possa se divertir, pogar e se jogar... esse blábláblá de velha escola é uma bosta, a escola que realmente vale à pena é a atual, é quem tá no corre.
BUK PORÃO, EU TE AMO!!!
2019 pode confirmar Arma de Fogo banda de Punk Hardcore de Macapá-Ap Região Norte do Brasil
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