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SdV Reviews: Feira Noise


Esse final de semana ocorreu em Feira de Santana, mais conhecida como Princesinha do Sertão, a sétima edição do festival Feira Noise. Sem sombra de dúvidas foi um dos melhores festivais realizados no Nordeste neste ano, quer seja pela grade, quer seja pela organização em si.

O Festival seguiu o molde dos grandes festivais europeus, mesclando diversos estilos e também apresentando um bom horário de início e termino das atividades. Começando cedo proporciona que pessoas mais jovens possam desfrutar e curtir mais o fest.

As atividades do Feira Noise iniciaram-se oficialmente na sexta cheira, porém acompanhamos apenas do sábado e domingo de Festival. Como dito, o Festival veio com uma grade bem diversificada de estilos e com uma boa quantidade de banda, entretanto estou bem estragado pelo tempo e não aguento mais horas e horas de shows, logo iremos comentar sobre os shows vistos.

Após um bom descanso na pousada indicada pelo próprio Festival (Ponto positivo da organização, facilitando a vida das pessoas) seguimos para o Centro Cultural Amélio Rodrigues, que ficava a cerca de duas quadras da pousada indicada, logo fomos caminhando mesmo. Chegando iria iniciar-se o show da banda pernambucana Mombojó. Faziam séculos que não assistia um show dos caras, que sinceramente continuam sem muitas mudanças no som, como nunca fui muito fã antes, continuo não sendo. Algumas pessoas estavam bem empolgadas, cantando as músicas e dançando, o que demonstra que também não perderam o talento em por a galera pra mexer o esqueleto. Ponto alto do show continua sendo a execução da faixa "Deixe-se acreditar". A apresentação também teve participação de um conterrâneo dos caras, Barro.

Em seguida, sem muita demora, subiram ao palco os cearenses das Mad Monkeys, demonstrando que o stoner de fato é o som do estados mais ao norte do Nordeste, sendo inclusive um grande celeiro de bandas desse estilo. A pegada dos caras, além de nítidas influências de bandas como Hellbenders e Black Drawing Chalcks, tem uma pitada de Metallica, bem discretamente. Se tinha alguém parado, nesse momento não conseguiu ficar estático, os Mad Monkeys levantaram poeira na arena e incitaram o público a fazer um "walls of death" sinistro! Destaque para o batera PH, destruidor!!! Lembra aquela pitada de Metallica, Lars Ulric era menino...

Pratas da casa, com mais de 20 anos e fazendo um show de reunião especial para o Feira Noise, a Belzeblues sobe ao palco, aproveitando um público ainda fervoroso, e manda ver no seu rock à moda antiga, naquele estilo que só a Bahia pode proporcionar. Um show classudo, bem visceral!

Também locais, a Novelta trouxe um pouco de indierock ao Feira Noise, trazendo ao palco algumas participações, o que particularmente nos agrada muito, pois consideramos que estas participações dão uma cara de celebração ao show. Executaram cover da, também local, Tangerina Jones. Isso deixou claro que ali não era apenas o show da Novelta, e sim da Novelta e parte da cena local, pois vitória de um é vitória de todos!

A penúltima banda da tarde/noite a se apresentar foram os soteropolitanos da Maglore, os quais atualmente residem em São Paulo. Nunca havia visto um show dos caras, em verdade para não dizer que nunca vi nada desta banda já vi uma vez os caras fazendo um show especial de covers do Nirvana, muito bom por sinal. Pois bem, o que sabia da Maglore é que era mais uma daquelas bandas baianas que achavam que seriam igual ao Vivendo do Ócio. Ou seja, eu não sabia absolutamente nada de Maglore. Primeiro o som dos caras ganhou uma encorpada que lembra e muito bandas como Two Doors Cinema Club e Holger, os efeitos de guitarras são lindos demais, aquele som que só as semiacústicas tem e a execução perfeita das músicas demonstra que São Paulo tem feito muito bem para a banda.

Logo quando cheguei ao local do evento sabia que a Maglore era uma das bandas mais esperadas do evento, pois a quantidade de camisas que passeavam pelo Amélio era pau a pau com a headliner daquela noite, mas me surpreendeu ainda mais quando os caras começaram a tocar e o público veio a loucura, cantando as músicas e definitivamente lotando o espaço, me impressionou e muito!!!!

Creio que o set talvez foi grande para o festival, mas com certeza para o público os caras poderiam tocar mais umas 5 horas ali que estava tranquilo. A música que mais me agradou foi a "Valeu, Valeu", do álbum "Todas as bandeiras", lançamento da Deck Disc, pois tem umas partes mais tranquilas e sobre de um jeito que você se sente no meio da bagunça do carnaval com dois tubos de lança na mente.

Importante destacar que, coincidência ou não, as bandas soteropolitanas que saem de Salvador tendem a buscar mais inspiração e influências na cultura e música local quando estão fora daqui, e geralmente o som fica ainda mais cremoso.

Com o fim de uma apresentação apoteótica com foi a da Maglore, ficaria difícil para qualquer banda manter o nível. Mas na boa, são 26 anos nessa porra! Dead Fish mesclou faixas que vão do álbum Sirva-se até o mais atual "Vitória". Clássicos como "Noite", "Molotov", "Afasia" e "MST" estavam no set, além da faixa mais popular dos caras, "zeroeum", dos tempos de gravadora. Como sempre um show cheio de energia, positividade e muita política, como um bom show de hardcore deve ser. O público correspondia nos "sing alongs" e nas rodas frenéticas que se formaram.

Houve espaço, ainda, para uma crítica, providencial, a Máfia da Bola e incentivo aos times de várzea, o que confesso que não imaginaria ouvir no show do Dead Fish e me agradou demais: Ódio Eterno ao Futebol Moderno!

Engraçado lembrar que meu primeiro show do Dead Fish eu estava no colegial, hoje encontro-me na pós graduação e na boa, nada mudou! Young 'Till I Die!

No dia posterior, domingo, resolvemos ir mais cedo ao Festival, pois a banda que estávamos na vibe de assistir seria a terceira a se apresentar. Os portões sequer estavam abertos e já estávamos lá na porta do Amélio.

Entramos, nos abrigamos do sol e ficamos à espera das atividades se iniciarem.

A artista local, Kareen Mendes, subiu ao palco trazendo aquilo que chamamos de MPB Moderna, que é uma mescla de sons locais, com o que se faz na MPB tradicional, toques de samba reggae e um vozeirão fodástico! O público, ainda modesto, ao final de toda música aplaudia e arriscava uns passinhos.

Ainda nesse clima regional, o grupo Opanijé chegou com seu rep candomblecista, e umas batidas escolhidas por Xiba que por vezes remetia ao drum 'n bass, mostrando que o grupo, definitivamente, não fica na mesmice ou estagnado numa única forma de fazer rep.

Outro elemento da cultura Hip Hop que estava presente, enquanto a Opanijé se apresentava, foi o grafitti. Um artista fez uma tela linda, ali mesmo aovivão, dando um toque a mais a apresentação do grupo.

Podemos resumir a apresentação da Opanijé em: O grave bateu certo!

A terceira, e esperada banda, foi a Deb and The Mentals. O grupo paulista tocava pela primeira vez na Bahia e chegaram naquela humildade inerente ao underground, sem muita firula de roadies, plugaram seus instrumentos e nos primeiros acordes de baixo via-se que o bagulho ia ficar loca, distorção batendo tudo. Quando a banda começou a primeira música, logo causou curiosidade no público presente, ainda causa estranheza uma mulher à frente de uma banda de rock, infelizmente.

Mas, toda essa surpresa, foi ótima, pois o público presente, logo na segunda música rendeu-se aos Debs e pagaram aquele pau.

Definitivamente Deb and The Mentals fez a melhor apresentação de todo o festival, fazendo um som pesado, grunge e pra frente. Débora brocou no vocal, brocou no look e brocou na postura no palco.

O show da Deb and the Mentals fez valer cada centavo gasto.

O festival Feira Noise está de parabéns pela organização e grade do evento, tendo que melhorar apenas na logística de venda de bebidas, pois dois caixas já não são suficientes para quantidade de público presente, o que acabou por gerar filas enormes.

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